sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

01 - Camuflagem


Camuflagem

A ravina por onde caí
Mimetizada na paisagem
Eixo de simetria perfeito
Invisível
Manto de ervas altas
Frondosas

A sorte aqui não tem lugar
O céu é a única companhia
Que me ampara a descida

Mundos misteriosos
Do nada onde escreverei
Justiça lhes seja feita
Teias subversivas
Palavras soltas de peso
Páginas vazias
Desertas
Como começar?

Do caos
a reflexão
prisioneiro de sonhos e pesadelos
da mente
executo as palavras encarceradas em mim
celas vazias de portas abertas
pátios iluminados
o insustentável peso do silêncio

Escrevo
Inícios e conclusões
Acompanho
Descubro
Dias inteiros sem escrever uma palavra
Uma única sensação

Vontade de escrever
Esqueço
Para melhor procurar
Na escuridão deste vazio imenso

A centelha em que acredito